O casamento é uma das instituições mais sagradas da Bíblia, e os ensinamentos de Jesus sobre o divórcio encontrados no evangelho de Mateus continuam sendo um dos temas mais debatidos na teologia cristã. Muitos se perguntam: O que Jesus realmente disse sobre o divórcio? E, mais importante, como devemos viver à luz dessas palavras?
O foco deste artigo é analisar profundamente o que Jesus ensinou sobre o divórcio em Mateus, compreendendo o contexto cultural, histórico e espiritual por trás de suas declarações. Vamos mergulhar nos textos bíblicos e explorar suas implicações práticas para o cristão moderno.
Mateus e o contexto histórico do divórcio
A visão judaica do casamento
Na cultura judaica do primeiro século, o casamento era considerado um pacto sagrado entre um homem, uma mulher e Deus. No entanto, havia interpretações divergentes sobre o divórcio entre os rabinos da época, especialmente entre as escolas de Hillel e Shammai.
A prática do divórcio no tempo de Jesus
Alguns líderes religiosos permitiam o divórcio por motivos banais, como uma refeição mal feita. Outros defendiam que apenas em casos de infidelidade conjugal o divórcio seria permitido. Jesus entra nesse cenário com uma mensagem que confronta profundamente essa permissividade.
Ensinamentos de Jesus em Mateus 5:31-32
O Sermão da Montanha e o padrão divino
Jesus, no famoso Sermão da Montanha, eleva o padrão moral de seus ouvintes. Ele afirma:
“Foi dito: ‘Aquele que se divorciar de sua mulher, dê-lhe certidão de divórcio’. Mas eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, faz com que ela se torne adúltera…” (Mateus 5:31-32)
A cláusula da “infidelidade”
Jesus introduz uma exceção: a infidelidade sexual. A palavra grega usada aqui é “porneia”, que pode abranger diversos tipos de relações sexuais ilícitas. A implicação é clara: o divórcio pode ser permitido, mas não é a vontade original de Deus.
Análise de Mateus 19:3-9
O confronto com os fariseus
Em Mateus 19, os fariseus questionam Jesus sobre o divórcio para testá-lo. Jesus responde levando-os de volta à criação, dizendo:
“Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe.” (Mateus 19:6)
A referência a Gênesis e o ideal original de Deus
Jesus deixa claro que, no plano original de Deus, o casamento é para toda a vida. Ele não apenas reforça esse ideal, mas também corrige interpretações erradas da Lei de Moisés.
A exceção de infidelidade conjugal
O que significa “exceto em caso de relações sexuais ilícitas”?
A expressão grega “ei mē epi porneia” tem sido debatida por séculos. Para alguns estudiosos, refere-se a fornicação antes do casamento; para outros, inclui o adultério.
Interpretações teológicas
A tradição protestante geralmente aceita essa cláusula como uma justificativa legítima para o divórcio. Já a Igreja Católica ensina que o casamento é indissolúvel, mesmo diante da infidelidade, permitindo apenas a anulação em certos casos.
Jesus e a indissolubilidade do casamento
Unidade e aliança
Jesus reforça que o casamento é mais do que um contrato; é uma aliança sagrada. Ele compara essa união ao elo entre Cristo e a Igreja — indivisível e eterno.
A vontade original de Deus para o casamento
O plano divino nunca incluiu o divórcio. Ele é resultado do pecado humano e da dureza do coração, como Jesus afirma em Mateus 19:8.
Comparação com Moisés: concessão vs. mandamento
Por que Moisés permitiu o divórcio?
Jesus explica que Moisés permitiu o divórcio “por causa da dureza do coração” dos israelitas. Isso não era um mandamento, mas uma concessão temporária.
A resposta de Jesus e sua autoridade superior
Jesus, com autoridade divina, redefine o padrão, chamando seus seguidores a uma vida de pureza, perdão e reconciliação.
O impacto das palavras de Jesus sobre os discípulos
A reação dos discípulos em Mateus 19:10
Os discípulos ficaram assustados com a exigência. Disseram: “Se esta é a situação entre o homem e sua esposa, é melhor não casar!” Isso revela o peso e a seriedade do compromisso matrimonial.
A seriedade do compromisso matrimonial
Jesus não ameniza sua posição. Ele desafia seus ouvintes a tratar o casamento com a máxima reverência e responsabilidade.

Celibato e o Reino dos Céus (Mateus 19:11-12)
O dom do celibato
Jesus reconhece que nem todos estão preparados para o casamento. Alguns, por amor ao Reino, escolhem viver em celibato.
Escolhas por amor ao Reino
Essa parte do ensinamento mostra que o Reino de Deus exige entrega total, seja no casamento, seja na renúncia por amor a Cristo.
Diferença entre adultério e divórcio
O que constitui adultério após o divórcio?
Jesus ensina que, ao se divorciar de alguém (exceto em caso de infidelidade) e casar novamente, a pessoa comete adultério (Mateus 19:9). Isso surpreende porque mostra que o novo casamento, quando feito fora dos critérios estabelecidos por Cristo, não é reconhecido como legítimo diante de Deus.
O adultério, nesse contexto, não é apenas uma traição sexual, mas a quebra de uma aliança espiritual sagrada ainda vigente aos olhos divinos.
O papel do novo casamento
As palavras de Jesus colocam o novo casamento sob análise espiritual rigorosa. A Igreja primitiva reconhecia que, mesmo em casos de novo casamento, era necessário arrependimento e orientação pastoral.
Implicações pastorais dos ensinamentos de Jesus
O aconselhamento cristão
Diante da complexidade desses ensinamentos, o papel dos líderes espirituais é fundamental. Pastores e conselheiros devem acolher, orientar e oferecer caminhos de restauração, sempre baseados na graça e verdade do evangelho.
Como lidar com casamentos difíceis hoje
Casamentos marcados por abuso, abandono ou infidelidade exigem sabedoria pastoral. Embora o divórcio não seja incentivado como primeira opção, em alguns casos extremos, pode ser a única solução para preservar a dignidade e segurança da parte ofendida.
A graça de Deus diante do pecado
Perdão para os divorciados
É vital afirmar: o divórcio não é pecado imperdoável. Muitos cristãos divorciados vivem com culpa e dor, mas Jesus oferece perdão completo àqueles que se arrependem sinceramente. Ele restaura, cura e dá novos começos.
Restauração e nova vida em Cristo
Em Cristo, há esperança para recomeçar. Um casamento restaurado, ou até mesmo uma vida de solteiro renovada, pode ser vivida para a glória de Deus. A cruz é suficiente para redimir qualquer história.
Visões teológicas divergentes sobre Mateus 5 e 19
Católicos, protestantes e evangélicos
- Católicos: Ensinam que o casamento é indissolúvel e só pode ser anulado se nunca foi válido.
- Protestantes: Geralmente aceitam o divórcio em caso de adultério ou abandono.
- Evangélicos: Há diversidade de opiniões, mas a maioria segue a interpretação da cláusula da “porneia” como justificativa legítima.
Aplicações práticas nas igrejas atuais
Igrejas responsáveis desenvolvem ministérios para casais, promovem reconciliação e, ao mesmo tempo, oferecem acolhimento para divorciados, sem julgamento, com base na compaixão de Cristo.
Jesus versus a cultura moderna do divórcio
A banalização do casamento
Hoje, o casamento é muitas vezes tratado como um contrato temporário. A cultura moderna prega o “se não der certo, é só separar”, o que contrasta diretamente com o ensino de Jesus.
O chamado à fidelidade e perseverança
Jesus convida seus discípulos a nadar contra a corrente. O casamento exige sacrifício, perdão e compromisso — valores escassos, mas fundamentais para glorificar a Deus por meio da união conjugal.
O ensino de Jesus comparado a outros textos bíblicos
Coríntios, Malaquias e Romanos
- 1 Coríntios 7: Paulo oferece instruções pastorais sobre casamento e separação, especialmente entre crentes e descrentes.
- Malaquias 2:16: Deus declara: “Eu odeio o divórcio”.
- Romanos 7:2-3: Reforça a ideia de que o casamento dura enquanto ambos estiverem vivos.
A harmonia bíblica sobre o casamento
Todos esses textos ecoam o mesmo princípio: o casamento é uma aliança que reflete a fidelidade de Deus, e deve ser vivido com temor, graça e compromisso.
O que Jesus ensinou sobre o divórcio em Mateus continua sendo um padrão elevado, desafiador e profundamente contracultural. Ele nos chama a olhar para o casamento como uma união sagrada, refletindo o amor e a fidelidade de Deus.
Seja você solteiro, casado, divorciado ou recasado, a mensagem do evangelho é clara: há perdão, graça e esperança em Cristo. O ideal de Deus é lindo, e sua misericórdia é abundante para todos que se voltam a Ele.
FAQs sobre o que Jesus ensinou sobre o divórcio em Mateus
1. Jesus permite o divórcio em alguma situação?
Sim, segundo Mateus 5:32 e 19:9, Jesus permite o divórcio apenas em caso de relações sexuais ilícitas (porneia).
2. O que é “porneia”?
“Porneia” é um termo grego que pode incluir adultério, fornicação, incesto ou outras práticas sexuais ilícitas. A interpretação varia entre estudiosos.
3. É pecado casar de novo após o divórcio?
Depende do contexto. Se o divórcio não foi por infidelidade, segundo Jesus, o novo casamento pode ser considerado adultério (Mateus 19:9).
4. Divorciados podem ser perdoados por Deus?
Sim! O perdão de Deus está disponível a todos que se arrependem. O divórcio não é imperdoável.
5. A Igreja pode acolher divorciados?
Com certeza. Muitas igrejas oferecem apoio pastoral, aconselhamento e acolhimento para divorciados, promovendo cura e restauração.
6. O que fazer em um casamento abusivo?
Situações de abuso devem ser tratadas com seriedade. A integridade física e emocional é prioridade. Nesses casos, a separação pode ser necessária por segurança.
